Morte do Papa Francisco comove dioceses do Sul de Minas, que destacam seu legado de humildade e proximidade
Notas de pesar foram divulgadas pelas dioceses de Pouso Alegre, Campanha e Guaxupé; bispos exaltam ensinamentos e trajetória do pontífice argentino
A morte do Papa Francisco, anunciada na manhã desta segunda-feira (21), gerou uma onda de comoção no Sul de Minas Gerais. A Arquidiocese de Pouso Alegre e as dioceses da Campanha e de Guaxupé manifestaram-se publicamente por meio de notas de pesar, destacando o legado espiritual, pastoral e social deixado pelo primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica.
Um papa próximo dos pobres
Dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo de Pouso Alegre, destacou a teologia da proximidade vivida intensamente por Francisco ao longo de seu pontificado, iniciado em 2013. “O Papa Francisco sempre nos insistiu com a proximidade, ser uma igreja aberta para todos (…). Ele viveu na sua humildade, na sua proximidade, sobretudo com os pobres, com os sofredores, com os fragilizados”, afirmou.
A nota divulgada pela Arquidiocese reforça que Francisco “nos deixa um legado imenso” e que seu exemplo de vida é um chamado contínuo para que a Igreja permaneça fiel aos valores do Evangelho.
Papa da misericórdia, da justiça e do diálogo
A Diocese da Campanha, sob liderança de Dom Pedro Cunha Cruz, também prestou homenagem ao pontífice, classificando-o como um “homem da periferia” e um “grande líder mundial”. Em sua nota, o bispo afirmou: “O Papa Francisco foi um grande homem que deixou para todos nós um forte legado (…). Um homem da justiça, da fraternidade, do diálogo, da paz”.
O comunicado oficial da Diocese reforçou ainda o impacto do papa sobre a fé dos fiéis: “Com gestos simples e palavras firmes, reacendeu em tantos corações a chama da fé (…) guiou a Igreja com o olhar fixo em Cristo e os pés no chão dos que mais sofrem”.
O olhar para as periferias
A Diocese de Guaxupé, por sua vez, publicou um comunicado mais sucinto, mas igualmente emocionado, conclamando os fiéis à oração e lembrando momentos marcantes da relação da diocese com o pontífice. Dom José Lanza Neto lembrou o encontro pessoal com Francisco durante a Visita Ad Limina, em 2022, e agradeceu a nomeação de dois sacerdotes da diocese como bispos durante o pontificado.
“O Santo Padre realizou um trabalho extraordinário ao iluminar todas as fronteiras da humanidade, especialmente as periferias sociais e existenciais (…). Que nossa Igreja Diocesana eleve uma oração de gratidão a Deus pela vida e pelo pontificado do Papa Francisco”, escreveu o bispo.
Saúde debilitada e despedida
Francisco havia apresentado um quadro de bronquite no início de fevereiro deste ano, o que resultou em dificuldades respiratórias e, posteriormente, em uma internação prolongada de 38 dias no hospital Agostino Gemelli, em Roma. Durante esse período, foi diagnosticado com uma infecção polimicrobiana e, em seguida, pneumonia bilateral — condição que agravou seu estado de saúde.
Mesmo debilitado, Francisco participou das celebrações da Páscoa, fazendo sua última aparição pública na sacada da Praça de São Pedro. O papa faleceu nesta segunda-feira e será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — uma decisão que foge ao costume da Igreja e não era repetida desde o enterro do Papa Leão XIII, em 1903.
Legado eterno
Com um papado marcado pela defesa dos pobres, o diálogo inter-religioso e a busca por uma Igreja mais acolhedora e sinodal, Papa Francisco deixa um legado que ultrapassa fronteiras religiosas e geográficas. No Sul de Minas, o sentimento de luto é acompanhado por um profundo reconhecimento por tudo o que ele representou: um pastor próximo, uma voz profética em tempos desafiadores e um exemplo vivo do Evangelho.