Defesa de jovem de MG presa com drogas em aeroporto acredita que ‘perdão real’ na Tailândia é possível
País é uma monarquia constitucional, governada por uma junta militar, mas o rei do país concedeu anistia a oito pessoas nos últimos dois anos, inclusive pelo crime de tráfico de drogas.
A defesa da jovem Mary Hellen, de 21 anos, de Pouso Alegre (MG), que foi presa na semana passada na Tailândia com um homem levando 9kg de cocaína nas malas, aposta que a mineira tenha condições de conseguir um “perdão real”. A Tailândia é uma monarquia constitucional, governada por uma junta militar, mas segundo a defesa, o rei do país concedeu anistia a oito pessoas entre 2020 e 2021, inclusive pelo crime de tráfico de drogas.
“Geralmente países que são governados por juntas militares, eles têm aquele negócio da disciplina, de honra, de manter a paz, não muito por vias democráticas, então isso será o maior empecilho. Mas o código penal tailandês é bem estruturado e por ser uma monarquia constitucional, há esse balanço, esse peso, então é possível inclusive até que a Mary Hellen consiga um perdão real”, disse um dos advogados da jovem, Telêmaco Marrace, em entrevista ao EPTV 1 desta quarta-feira (23).
O advogado também disse que a defesa ainda não conseguiu conversar com a jovem.
“Eu não tive a oportunidade de conversar com ela ainda, porque ela está isolada, está em uma prisão em quarentena, inclusive a embaixada do Brasil só terá acesso a ela a partir do dia 7 de março quando vencerá a quarentena dela devido à covid-19 e aí nós poderemos conversar com o defensor constituído e com a Mary Hellen”, disse o advogado.
Ainda segundo o advogado Telêmaco Marrace, para a defesa, a hipótese de pena de morte está descartada, já que na Tailândia, esse crime só se aplica para quem é pego com heroína. Mesmo assim há a possibilidade de prisão perpétua, o que ele não acredita.
“Na Tailândia, as leis são muito duras, mas já dá para excluir aí a pena de morte, que esse tipo de crime, tráfico de cocaína, não é penalizado com pena de morte lá. Existe a possibilidade de prisão perpétua, mas não para o caso da Mary Hellen. Mas se vai num pais diferente como a Indonésia, que é muito rígido, aí complica, pode pagar com a vida uma aventura dessa”, completou.
Kaelly Cavoli e Pabline Cássia Costa também fazem parte do grupo de advogados que compõe a defesa de Mary Hellen.
“A defesa está se estruturando no seguinte caminho: primeira coisa é a parte técnica, de demonstrar se realmente a droga pertencia, que é o que chamamos de autoria, a materialidade, que droga era essa, e a autoria da Mary Hellen, se essa mala pertencia a ela, ou se essa droga se quer pertencia a ela. Vamos estruturar e demonstrar que a Mary Hellen não é envolvida com qualquer situação de traficância”, destacou Kaelly.
“Toda a acusada tem direito ao devido processo legal e o advogado criminalista tem o dever de garantir esses direitos perante ao processo. Então, nós juntamos, nos reunimos e estamos tentando fazer o possível para garantir todos os direitos da Mary Hellen tem com relação a essa situação”, salientou Pabline.
Entrou no país de ‘Mula’
“A Mary Hellen entrou de ‘mula’, com possibilidades de não ter conhecimento do que levava”, afirmou.
Telêmaco acredita que Mary Hellen tenha ido para a Tailândia como mula, ou seja, apenas transportou a droga apreendida no aeroporto de Bangkok. Em entrevista ao g1, o advogado explicou como é feito o aliciamento de jovens para o tráfico de drogas. O foco são mulheres fragilizadas.
“Estes garotos são aliciados pelos emissários dos grandes traficantes que ficam em ‘baladas’. Uma outra estratégia que utilizam é o chamado ‘Angel’, que funciona da seguinte forma: o emissário do traficante cria perfis no Tinder, Instagram e Facebook… É o ‘cara’. Jogam a isca e simulam uma paixão…Daí as garotas são convidadas para uma viagem internacional e eles enchem a mala com drogas no fundo falso. Muitas vezes as ‘gurias’ entram numa ‘fria’ e realmente são inocentes. E com os rapazes, a promessa é de vida boa…Carros, riqueza etc…”, explicou.
Fonte: G1 Sul de Minas