Professores de universidade investigada pela PF entram em greve por tempo indeterminado em MG
Segundo o Sinpro Minas, os docentes pedem a regularização das pendências trabalhistas. Os docentes não receberam os salários de dezembro, fevereiro e março deste ano, além das férias e do 13º.
Os professores da Universidade Vale do Rio Doce (Unincor), de Três Corações, entraram em greve nesta semana por tempo indeterminado. Segundo o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), os docentes pedem a regularização das pendências trabalhistas, que se arrastam há anos. A instituição é alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga crimes de desvio e lavagem de dinheiro.
Ainda de acordo com o sindicato, os docentes não receberam os salários de dezembro, fevereiro e março deste ano, além das férias e do 13º. O sindicato informou que a universidade atrasa os pagamentos de salários, verbas rescisórias e não deposita o FGTS há mais de 10 anos.
O Sinpro Minas já ajuizou ações individuais e coletivas contra a instituição de ensino, para que as irregularidades trabalhistas sejam corrigidas. Mediações no Ministério do Trabalho e audiências na Justiça, além de mobilizações na porta das escolas já teriam sido feitas, porém não surtiram efeito.
Ainda de acordo com o sindicato, em uma das audiências com o Ministério Público do Trabalho, no ano passado, os representantes reconheceram as irregularidades, mas não se comprometeram em resolvê-las.
“A universidade mantém há anos essa postura de descaso e de descumprimento da legislação trabalhista. A direção sequer cumpre um dos direitos mais básicos dos trabalhadores, o de receber em dia seu salário. Por isso os professores cruzaram os braços. Não há condições de lecionar em um ambiente assim, de total desrespeito ao trabalho sério e de qualidade feito pelos professores e aos alunos e pais também”, afirmou a presidente do Sinpro Minas, Valéria Morato.
O que diz a instituição
A Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), mantenedora da Unincor, informou que não foi comunicada oficialmente sobre a assembleia que aconteceu na segunda-feira (4) envolvendo os professores e que teria como resultado a greve.
Ainda de acordo com a fundação, as atividades acadêmicas seguem normalmente, com aulas presenciais e online. Sobre a greve, a instituição informou que irá se manifestar quando foi comunicada oficialmente.
A operação
A Polícia Federal deflagrou há um mês uma operação contra os crimes de desvio e lavagem de dinheiro em uma instituição de ensino superior e sua mantenedora. Os investigados da ação da PF são a Universidade Vale do Rio Verde (Unincor) e a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE).
A operação foi nomeada de “J’Adoube”. Segundo a PF, durante as investigações foi apurado que a fundação tinha grande volume de débitos tributários e previdenciários com a União já vencidos. O valor era de cerca de R$ 92 milhões. Além disso, havia também dívidas trabalhistas de processos judiciais com trânsito em julgado, que não foram pagos.
Ainda de acordo com a PF, os dirigentes da FCTE e titulares de empresas criadas para atividades ilícitas teriam desviado valores das mensalidades dos cursos oferecidos, ao longo de mais de três anos. Estes valores deveriam ser incluídos nas contas da FCTE para o pagamento de encargos correntes e dívidas.
pós a operação, a Polícia Federal pediu ao Ministério Público o afastamento de pessoas que fazem parte da diretoria da Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), mantenedora da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor).
A Secretária de Educação de Varginha (MG), Gleicione Aparecida Dias, também foi afastada das funções por tempo indeterminado. Ela é suspeita de fazer parte do esquema investigado pela PF.
Fonte: G1 Sul de Minas