Homem negro é acusado de furto em farmácia e quase é agredido por atendente em Pouso Alegre, MG

De acordo com a farmácia, o suspeito pelo crime de injúria racial não faz mais parte do quadro de funcionários. Ele foi detido pela PM por ameaça de agressão.

Um homem negro foi acusado de furto por um atendente de farmácia em Pouso Alegre (MG). A vítima foi quase agredida pelo funcionário do estabelecimento e parte do episódio foi gravado pela esposa. O atendente foi detido pela Polícia Militar.

Nas imagens que circulam nas redes sociais é possível ver o momento em que o suspeito é preso. Ele teria acusado o cliente de furto e depois ameaçado agredi-lo. O caso aconteceu quando o homem e a esposa realizavam uma compra na farmácia.

“A gente passou na farmácia, ela olhou o sabonete, viu as composições e perguntou para ele se havia algum sem essência. Ele disse que todos tinham, que não teria só o sabonete. Nisso ela se direcionou ao caixa e quando ela foi ao caixa eu me afastei, para não tumultuar a fila, pois tinha de seis a oito pessoas. Ele ficou me olhando. Eu fiquei quieto, não falei nada, continuei conversando com ela. Quando fomos nos retirar da loja, ele se direcionou a mim com um pergunta: ‘o senhor está se retirando da loja com algum produto sem pagar?’. Eu falei que não, pois não preciso. Eu disse: ‘você está me acusando por ser preto ou porque só tem a gente de preto dentro da loja?’”, contou Edinaldo Ananias dos Santos.

O caso aconteceu na última segunda-feira (13), em uma farmácia do bairro São Carlos. Edinaldo, que trabalha como encarregado de obras, disse que não consegue esquecer o constrangimento que passou.

“O sentimento que a gente fica é de como se a gente não fosse um ser humano como todos os outros, sendo que a gente é. Peço que as pessoas se conscientizem a não fazer julgamentos e mais ainda pelo racismo, que ainda existe no Brasil”, falou.

Parte do episódio foi filmado pela esposa de Edinaldo, Cristiane Gomes Braz. Foi ela quem acionou a polícia.

“Até então a gente pensa que só vai acontecer com o outro, ai é fácil olhar do outro lado da tela, do outro lado do muro”, disse ela, que é pedagoga.

Denunciado por injúria racial, o atendente da farmácia foi preso pela ameaça de agressão. Segundo a PM, ele foi ouvido e liberado. Edinaldo deve dar continuidade ao caso e pretende processar o autor do crime.

“A gente já está com uma junta de advogado correndo atrás disso, vamos seguir com o processo para que esse racismo possa ser pago. Para que o povo entenda que o crime de racismo é crime”, disse Edinaldo.

EPTV, afiliada Rede Globo, procurou a farmácia envolvida no caso que, por nota, informou que o atendente responsável pelas agressões não faz mais parte do quadro de funcionários da empresa e que repudia qualquer ato de violência ou discriminação.

Fonte: G1 Sul de Minas

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