Família denuncia negligência médica em UPA de MG após morte de jovem; Polícia Civil investiga o caso
Ingrid Vitória de Souza Carvalho, de 18 anos, morreu em Lavras (MG) por falência múltipla dos órgãos. Segundo a família, ela não recebeu atendimento na UPA e foi levada a hospital, onde morreu.
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a morte de uma jovem de 18 anos em Lavras (MG). A família de Ingrid Vitória de Souza Carvalho reclama de negligência médica no primeiro atendimento feito à mulher, realizado na UPA. A jovem morreu por falência múltipla dos órgãos após ser levada ao hospital.
A família registrou boletim de ocorrência registrado. De acordo com a mãe de Ingrid, ao chegar à UPA, a jovem não foi avaliada imediatamente por um médico. Conforme a mãe da jovem, que preferiu não se identificar, a filha começou a ter febre na sexta-feira (5). No dia seguinte, ela começou a sentir dores no corpo, fazendo com que a família acreditasse que poderia ser dengue.
“No domingo, peguei minha filha na casa do namorado dela para levar até a UPA. Antes de chegar até o carro, ela desmaiou no meio da rua. Chegando [em casa], ela teve várias crises convulsivas, ficando branca, ficando muito ruim, e a pressão dela foi caindo. Chamei o Samu rapidamente, que levou minha filha ao pronto-socorro. Quando chegou à triagem, ninguém atendia ela. A enfermeira que estava lá não atendia e ela começou a ter uma nova crise, piorando muito, começou a vomitar e ter uma crise convulsiva muito forte. Comecei a gritar e pedi para a enfermeira socorrer e levar ao médico. A enfermeira falou que ia pedir para limpar o vômito. Em momento algum ela estava preocupada em socorrer minha filha tão às pressas”, falou a mãe, que não quis se identificar.
A família, então, quis levar a jovem à Santa Casa de Lavras.
“A outra enfermeira me impediu de sair da UPA com a minha filha, sendo que eu tinha todo o direito, porque já estava sendo responsável pela minha filha. Ela me proibiu, entrou na frente da maca, onde eu empurrei ela contra a parede e saí com a minha filha em gritos, prantos, desesperada, porque ela estava morrendo e não tinha um médico para socorrer a minha filha, não tinha ninguém para atender. Então, em um ato de desespero, empurrei minha filha porque tinha que salvar a vida dela”, disse a mãe.
A jovem morreu na segunda-feira. No atestado de óbito, a família diz ter descoberto que Ingrid tinha um tipo grave de diabetes, algo que, até então, não era de conhecimento dos familiares. A família denuncia possível negligência médica no atendimento da UPA. Segundo os familiares, no local, ela não recebeu atenção adequada.
“Registramos o boletim de ocorrência e vamos correr atrás dos direitos dela, mesmo que não traga ela de volta. A gente quer justiça. Estamos esperando isso. Vamos correr atrás disso”, destacou a mãe.
De acordo com a prefeitura, que administra a Unidade de Pronto Atendimento, a jovem passou 17 minutos na UPA. Ao dar entrada no local na noite de domingo (7), a prefeitura diz que a enfermeira a levou para uma sala de urgência, onde foram feitos exames iniciais.
A prefeitura relata, ainda, que foi identificada pressão baixa e que os índices de glicose e oxigenação, segundo a equipe médica, estavam dentro da normalidade.
De acordo com o resultado dos exames, a pressão arterial da jovem estava 8 por 6, a taxa de glicose em 115 e a saturação em 96.
“A enfermeira solicitou que olhasse a paciente, foi ao consultório com a ficha da paciente, dizendo que a paciente estava com a pressão um pouco baixa e relato de vômito, e nada mais. A glicose dela estava boa e os outros sinais também estáveis. Antes mesmo de o médico terminar o atendimento, não deu nem cinco minutos, a mãe começou a brigar, a agredir a enfermagem, não deixou realizar o acesso para medicar a paciente até o médico chegar. O médico já havia orientado a enfermeira o que fazer com a paciente até ele poder avaliar. O caso, pelo que foi triado pela enfermagem, assim como foi trazido pelo Samu, não demonstrava, naquele momento, uma necessidade de intervenção imediata”, explicou o cirurgião geral da Upa de Lavras, Pablo Patrick Pereira.
Questionado pela EPTV, afiliada TV Globo, o médico de plantão negou que tenha havido negligência por parte da equipe. Segundo ele, quando a paciente chegou à unidade, o profissional e outros médicos estavam em atendimento.
“Não faltou nenhum atendimento para a paciente. A triagem foi feita corretamente, o médico solicitou que já fizesse procedimento até ele chegar, pois todos estavam em atendimento, não podemos abandonar um paciente dentro de outro consultório se ele não está em estado grave”, pontuou o médico.
Fonte: G1 Sul de Minas