Alunos de escola credenciada em programa de educação técnica reclamam da falta de repasses de auxílio em Pouso Alegre, MG
Além de aulas gratuitas, eles deveriam receber um auxílio de R$ 20 por dia para os custos com alimentação e transporte.
Alunos de uma escola credenciada ao Programa de Educação Técnica do Governo de Minas Gerais, em Pouso Alegre (MG), reclamam da situação dos repasses do auxílio transporte e alimentação, que não estão sendo pagos com regularidade. Isso tem prejudicado os alunos que dependem dessa ajuda para conseguir se formar.
Os alunos são estudantes de um curso técnico de enfermagem mantido pelo Governo de Minas na Escola Endex, em Pouso Alegre. Além de aulas gratuitas, eles deveriam receber um auxílio de R$ 20 por dia para os custos com alimentação e transporte.
“Às vezes eles atrasavam um mês, mas sempre no mês seguinte eles acertavam. Às vezes eles não acertava o mês todo, mas acertava duas semanas, três semanas. E aí ajudava a gente né? No custo das despesas que a gente tinha. A gente tá o mês inteiro de junho sem receber e o pessoal liga muito né na superintendência pra questionar, porque querendo ou não na escola a gente não tem assim uma orientação correta de quando a gente vai receber, o porquê do atraso né?”, disse uma estudante que não quis ser identificada.
O Projeto Trilhas do Futuro é um programa do governo estadual com cursos técnicos em várias áreas. As aulas são oferecidas por escolas públicas e privadas e são elas que recebem a verba do estado e repassam os valores aos alunos. Mas de acordo com os estudantes, isso não tem acontecido.
“A maioria das vezes eles falam que o governo não repassou a verba. E aí eles fala que tá em atraso, e que vai ver.. e é sempre a mesma desculpa”, disse a estudante.
Os reflexos da falta dos repasses já são sentidos. “Pra mim é complicado porque eu tenho criança pequena. Então querendo ou não, eu tenho que tirar dinheiro meu para poder pagar ônibus, pra comer. Então várias vezes a gente tá indo a pé pra aula. Eu por exemplo, eu gasto uma hora e meia pra poder ir a pé pra aula. Não só eu como outras pessoas também”, disse outra estudante.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que a Endex recebeu duas verbas para a manutenção do programa: uma de R$ 8,9 milhões e outra de R$ 3,2 milhões. Os recursos, segundo a secretaria, foram enviados dentro do prazo. Um comitê foi criado para analisar a situação.
Ainda de acordo com a Secretaria Estadual de Educação, se as irregularidades forem comprovadas, a Endex será descadastrada do Programa Trilhas do Futuro. Neste caso, os alunos matriculados serão realocados para outra instituição sem nenhum prejuízo pedagógico.
“A gente pensa em ser transferido. É uma coisa bem complicada, o governo tem que liberar a transferência nossa e não tem mais como ficar naquele colégio. Até porque tem bastante colegas nossos que mora em outra cidade e tal. Então pra gente já é difícil, imagina pra eles. Então tudo que a gente queria era ser transferido para algum colégio”, disse outra estudante.
“Já pensei por várias vezes em desistir, em tenta uma bolsa em outra instituição. Porque eu acho que se todo mundo conseguir uma bolsa ou alguma ajuda em outra instituição vai ser melhor para todos porque a gente tá sendo muito prejudicado. Porque a gente quer formar, a gente tá lá, a gente não tá pra brincar. Todo mundo tá lá porque quer ser alguém, quer ter um futuro bom, quer ter um futuro melhor”, completou a estudante.
Segundo a Secretaria de Estado de Educação, uma equipe da Superintendência Regional de Ensino de Pouso Alegre, que cuida das matrículas do programa na região, esteve na Endex no dia 22 de junho para apurar a situação.
Na data, a escola recebeu um prazo de 20 dias para comprovar os repasses financeiros do programa. Em nota, a escola Endex disse que nada foi apurado e que as informações ainda estão sendo analisadas pelo próprio comitê.
Fonte: G1 Sul de Minas