Obesidade pode afetar a fertilidade feminina e reduzir chances de engravidar

No dia 11 de outubro, comemoramos o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, até 2025, cerca de 700 milhões de pessoas em todo o mundo viverão com essa condição, apresentando um índice de massa corporal (IMC) superior a 30. No Brasil, a situação é alarmante: a obesidade afeta 19,8% da população, refletindo um aumento de 72% nos últimos treze anos, conforme o Mapa da Obesidade elaborado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Além de estar relacionada a diversas comorbidades, como hipertensão e diabetes, a obesidade pode impactar diretamente a fertilidade feminina. 

A nutricionista da Clínica Origen, Bárbara Fernandes, especialista em Nutrição e Fertilidade, explica que o excesso de peso pode prejudicar o equilíbrio hormonal, impedindo ou dificultando a ovulação, afetando a receptividade endometrial e o amadurecimento dos folículos ovarianos. “As células de gordura produzem hormônios, como estrogênio e leptina que, em excesso, provocam um desequilíbrio hormonal, interferindo na produção de LH e FSH, hormônios essenciais para a ovulação”, esclarece.

Segundo ela, esse desequilíbrio impacta a receptividade do endométrio, comprometendo a capacidade de implantação do embrião. Além disso, a obesidade está associada ao aumento das proteínas inflamatórias no corpo, como as interleucinas e o TNF alfa, que elevam o estresse oxidativo e afetam negativamente a qualidade dos óvulos e a saúde do endométrio. “O excesso de gordura, especialmente a visceral, que se acumula ao redor dos órgãos abdominais, libera substâncias inflamatórias que afetam o funcionamento do pâncreas e do fígado, alterando o metabolismo da insulina. Esse hormônio, quando em níveis elevados devido à resistência à insulina, estimula a produção anormal de hormônios sexuais masculinos, dificultando, assim, a ovulação”, diz.

Problemas relacionados à obesidade, como diabetes, hipertensão e dislipidemias, podem comprometer ainda mais a fertilidade, afetando o metabolismo hormonal e dificultando a ovulação. Essas questões, além de serem fatores de risco para complicações durante a gestação, podem interferir na resposta do organismo aos tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV). “Em mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), a obesidade pode agravar a resistência à insulina, resultando em uma produção excessiva de andrógenos nos ovários. Esse aumento dos hormônios masculinos prejudica ainda mais a ovulação e intensifica os sintomas da SOP, dificultando o processo de fertilização”, destaca.

A situação de sobrepeso pode impactar também a fertilidade masculina, conforme explica a nutricionista. “Essa condição diminui a qualidade do sêmen ao alterar os níveis de testosterona e estrogênio. Mudanças essas que podem levar à disfunção erétil e a uma maior fragmentação do DNA espermático, comprometendo tanto o sucesso na concepção natural quanto em tratamentos de reprodução assistida”, afirma.

Em nome da saúde reprodutiva

Embora não exista um índice de massa corporal (IMC) ideal para engravidar, estudos indicam que manter um IMC entre 18,5 e 25 favorece o equilíbrio hormonal e aumenta as chances de uma gestação saudável. Segundo Bárbara, a perda de peso, aliada a uma alimentação equilibrada e à prática regular de atividades físicas, podem ajudar a restaurar os ciclos menstruais e melhorar a qualidade dos folículos ovarianos. “A relação entre obesidade e fertilidade é complexa, mas com o acompanhamento adequado e mudanças no estilo de vida, é possível aumentar as chances de uma gestação bem-sucedida”, recomenda.

A nutricionista orienta que é fundamental garantir uma dieta rica em frutas, verduras, proteínas magras e alimentos integrais, ao mesmo tempo que se evita o consumo de alimentos ultra processados, ricos em açúcares e gorduras saturadas. Para Bárbara, uma abordagem personalizada e o apoio de profissionais especializados são essenciais para o sucesso desse processo.

Ela reforça que o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar, envolvendo suporte psicológico, médico e nutricional, com estratégias individualizadas para cada paciente. Além dos desafios físicos, a obesidade pode acarretar questões emocionais, como frustração e ansiedade, que também devem ser levadas em consideração durante o processo de busca pela gravidez.

Sobre a Origen

Fundada há mais de 20 anos pelos médicos Marcos Sampaio e Selmo Geber, a Clínica Origen de Medicina Reprodutiva nasceu com o objetivo de centralizar a atenção médica, a disponibilidade da tecnologia e o acolhimento humano no bem-estar e respeito a seus pacientes, auxiliando-os na realização do sonho da maternidade e paternidade.

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